Olá amigos!
Iniciemos nossa reflexão quaresmal desta semana invocando o Espirito Santo de Deus, para que Ele abra nossas mentes e nossos corações para as palavras do papa e para o Espírito Quaresmal:
Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vosso fiéis
E acendei neles o fogo do Vosso amor.
Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da
terra.
OREMOS:
Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a Luz do
Espírito Santo,
Fazei que apreciemos retamente todas as coisa, segundo o mesmo
Espírito,
E gozemos sempre da Sua consolação, por Cristo Senhor Nosso. Amém!
Segue o texto para nossa meditação:
1. «Prestemos atenção»: a
responsabilidade pelo irmão.
O primeiro
elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que
significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de
uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a
«observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e, todavia são
objeto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se
conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está
na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro
trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1)
como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que
aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a
começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e
indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude
contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por
uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor,
a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus
nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para
estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção
ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo
exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é
criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos
casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego,
infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade,
brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a
misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo atual
sofre sobretudo de falta de fraternidade: “O mundo está doente. O seu mal reside
mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na
esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo”
(Carta enc. Populorum progressio, 66).
A atenção ao
outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus
aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu
o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem
existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo
que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a
responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro,
desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer
dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o
perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de “anestesia espiritual”,
que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas
parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se
pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o
levita, com indiferença, “passam ao largo” do homem assaltado e espancado pelos
salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de
bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta
(cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de “prestar
atenção”, de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de
humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a
saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e
preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por
quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas
e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de
coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se
fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: “O justo conhece a
causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende” (Prov 29, 7). Deste modo
entende-se a bem-aventurança “dos que choram” (Mt 5, 4), isto é, de quantos são
capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O
encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião
de salvação e de bem-aventurança.
O facto de
«prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem
espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece
esquecido: a correção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma
geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem
físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade
espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não
o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não
só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu
destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: “Repreende o sábio e ele te
amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo
e ele aumentará o seu saber” (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o
irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a
correção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética,
própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o
mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de
misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão
do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude
daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade,
adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra
modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem.
Entretanto a advertência cristã nunca há de ser animada por espírito de
condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma
verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: “Se porventura
um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi
essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas
também tu a ser tentado” (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de
individualismo, é necessário redescobrir a importância da correção fraterna,
para caminharmos juntos para a santidade. É que “sete vezes cai o justo” (Prov
24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo
1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com
verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais
retamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige,
que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e
faz, Deus com cada um de nós.
Fonte:
Amigos, na nossa oração final, fruto da nossa reflexão, coloquemos o Pe. Paulo Ricardo, que nesta semana passou por tão lastimável episódio. Que o Senhor continue animando-o na "missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal". Abaixo segue o link da petição em favor do Pe. Paulo. Por favor, deem sua assinatura apoiando as obras deste grande sacerdote!
Fiquem com Deus e a Virgem Maria! Até a próxima semana!
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