terça-feira, 8 de maio de 2012

Os Sacramentais




Muitas vezes encontramos cristãos que, devido a uma falsa compreensão do que seja um sacramental, tendem a considerá-los superstições (diminuindo o seu valor) ou equipará-los aos Sacramentos (exagerando o seu valor).
Com o objetivo de esclarecer estas confusões hoje tão comuns, decidi escrever este artigo.
Antes de mais nada, comparemos os Sacramentos e os Sacramentais:

Os Sacramentos
Os Sacramentais
Foram instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo
São estabelecidos pela Igreja que Cristo fundou
São os sete que Cristo instituiu: Batismo, Confirmação, Confissão, Sagrada Eucaristia, Unção dos Enfermos, Ordens Sagradas e Matrimônio
São muitos e variados, de acordo com as instruções dadas pela Santa Mãe Igreja
Produzem Graça diretamente na alma, se não houver obstáculo por parte daquele que os recebe
Não produzem Graça diretamente ou por eles mesmos, mas produzem Graça indiretamente ao dispor e preparar a alma para este divino dom
As palavras usadas no ministério dos Sacramentos, com exceção das usadas na Unção dos Enfermos, declaram firmemente que Deus está produzindo certos efeitos na alma
As orações usadas nos Sacramentais apenas pedem a Deus que produza certos efeitos e conceda certas graças
Dão ou aumentam a Graça Santificante ¹
São meios para a obtenção de graças atuais ²



Podemos dividir os Sacramentais em várias categorias: orações, objetos piedosos, sinais sagrados e cerimônias religiosas.
Alguns sacramentais são uma combinação, pertencendo a mais de uma categoria. O Rosário, por exemplo, é uma oração e um objeto piedoso.
Não podemos, contudo, esquecer que o mérito não reside no objeto. Seria superstição acreditar que um mero objeto teria algum tipo de poder por si só.
Os sacramentais, entretanto, são objetos separados pela Igreja para a nossa santificação, usando da oração oficial da Igreja e dos méritos de Cristo, presentes e distribuídos por Sua Igreja. Eles nos levam a pensamentos e sentimentos mais espirituais, aumentam a nossa lembrança e confiança na Misericórdia Divina.
Desde o tempo do Antigo Testamento nós encontramos prenúncios dos Sacramentais: os judeus receberam de Deus a ordem de usar franjas em suas roupas, para que se lembrem dos Mandamentos3. Estas franjas lembram aos judeus a presença de Deus. Do mesmo modo, mas ao mesmo tempo de maneira muito superior, os Sacramentais atraem a nossa atenção para a Graça de Deus. Deus não arromba as portas dos nossos corações; os Sacramentais nos ajudam a abri-las de par em par.
Eles não são necessários para a nossa salvação; podemos perfeitamente ser salvos sem que deles façamos uso. Mas sem dúvida eles podem nos ajudar, e muito!
A batina de um padre faz com que se calem os blasfemos no lugar em que ele entra, e igualmente faz com que ele esteja sempre consciente de sua função de sacerdote e testemunha, tornando mais difícil que peque.
A cruz ou o escapulário que o cristão leva ao peito também lembra a ele e ao próximo a necessidade de nos abrirmos para Deus e o valor do sacrifício.
A madeira ou metal da cruz, o pano do escapulário e da batina, nada disso tem valor salvífico em si. Mas essas coisas, separadas pela Igreja e por ela abençoadas e dotadas de uma missão, nos atraem para Deus, nos levam a abrir as portas para a Graça, e podem ser indiretamente a causa de nossa salvação.
Quantas vezes já aconteceu de um cristão encontrar forças para resistir ao pecado simplesmente segurando a cruz que trazia ao peito?
A madeira da cruz não valeu de nada; não seria a mesma coisa segurar um palito de fósforo ou uma acha de lenha! O fato desta cruz ser um símbolo da fé e da confiança em Deus, o fato desta cruz ter sido abençoada e separada pela Igreja, tudo isso, no entanto, faz com que o cristão, ao segurá-la, lembre-se de Deus e abra seu coração para a Graça, que dá a ele a força de lutar contra o pecado.
Do mesmo modo o sinal da cruz que fazemos ao percebermos que estamos na presença do mal é um pedido a Deus, um pedido de Graça, um apelo a que ele não nos deixe cair na tentação que ora se apresenta.
Do mesmo modo as imagens piedosas com que adornamos a nossa residência não têm, por si só, a capacidade de nos salvar. Ao vermos, entretanto, a imagem de um Santo, nos lembramos de nosso chamado à Santidade, e mais facilmente dizemos "não" ao pecado.
Ao vermos a imagem de São Francisco, nos lembramos de que há mais no mundo que a riqueza e o dinheiro; ao vermos a imagem de São Cristóvão, pedimos a Deus que nos proteja em nossos caminhos...
Não esqueçamos, portanto, do valor e da eficácia daqueles objetos, sinais e orações que graças aos méritos de Cristo, preservados e distribuídos por Sua Igreja, nos levam a cada vez mais abrirmos nossos corações à Graça, conduzindo-nos sempre ao reto caminho que leva à estreita porta da Salvação!

Amém.

Fonte:

¹A Graça Santificante, ou habitual, nos ajuda a lutar contra o Pecado, dando-nos fortaleza para resistir às tentações. Ela é infusa pelo Batismo, perdida quando se comete um pecado mortal e recuperada pela Absolvição.

²A Graça atual é uma Graça não-habitual, que recebemos como auxílio para o momento presente.

³Livro dos Números, Capítulo 15,37-41: "O Senhor disse a Moisés: 'Fala aos israelitas e dize-lhes que, por todas as gerações, façam franjas nas bordas das vestes e nas franjas da borda atem um cordão de púrpura violácea. O cordão fará parte da franja para que, vendo, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor e os cumprais, e não corrais atrás dos desejos de vosso coração e dos vossos olhos, que vos levam à infidelidade. Assim, lembrando-vos dos meus mandamentos e pondo em prática, sereis consagrados para o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus."

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Santo Atanásio, rogai por nós!


Atanásio nasceu em Alexandria, no Egito, em 296. No ano de 325, deu-se o I Concílio Ecumênico, em Nicéia, para definir a doutrina autêntica contra a heresia tão capciosa dos arianos, a qual fazia de Jesus uma criatura inferior a Deus Pai. Atanásio participou do Concílio na qualidade de assessor do seu bispo, embora fosse somente diácono na época.
O Arianismo foi condenado e deu-se a definição solene do Credo, o qual nós rezamos até hoje. A atuação de Atanásio foi primorosa tanto pela lucidez de sua doutrina quanto pela argumentação bíblica apresentada. Os erros dos arianos foram por ele refutados com tanto brilho, clareza e evidência, que causou admiração a todos.
Atanásio foi o sucessor do bispo de Alexandria, embora tivesse apenas 31 anos, e dirigiu a Igreja de Alexandria por 46 anos, período de muito sofrimento e perseguição. Os arianos não lhe deram descanso e, com o apoio do imperador, espalharam muitas calúnias contra Atanásio, que por cinco vezes teve de fugir de sua sede episcopal.
Refugiava-se no deserto onde conheceu e conviveu com o grande Santo Antão. Durante cinco anos ficou lá escondido, saindo somente à noite para dirigir sua igreja e consolar seus fiéis. Atanásio foi firme e inquebrantável com seus numerosos escritos. Manteve viva a fé no Verbo Encarnado.
Faleceu reconhecido por toda a Igreja, com 77 anos. E como reconhecimento de seu trabalho, fidelidade e fundamentais obras escritas para a Santa Igreja foi declarado Doutor da Igreja.

“O que foi a cabeleira para Sansão, foi Atanásio para a Igreja.”
(São Gregório Nazianzeno)

Santo Atanásio, rogai por nós!

Fontes:

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Verdadeira Devoção




Não poderia haver semana mais oportuna para tratarmos do tema! Dia 28/04 celebraremos o dia de São Luís Maria Grignion de Monfort, idealizador do Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem. E como este ano estamos comemorando 300 anos da criação do tratado, seguem abaixo alguns dados que recolhi sobre esta tradição antiga e muito eficiente da história da igreja.


Quem é o Santo?
"Nascido na França, no ano de 1673, de uma família muito numerosa, São Luís Maria Grignion de Monfort sentiu bem cedo o desejo de seguir o sacerdócio e assim percorreu o caminho dos estudos.
Como padre, São Luís começou a comunicar o Santo Evangelho e a levar o povo, através de suas missões populares, a viver Jesus pela intercessão e conhecimento de Maria. Foi grande pregador, homem de oração, amante da Santa Cruz, dos doentes e pobres; como bom escravo da Virgem Santíssima não foi egoísta e fez de tudo para ensinar a todos o caminho mais rápido, fácil e fascinante de unir-se perfeitamente a Jesus, que consistia na consagração total e liberal à Santa Maria.
São Luís já era um homem que praticava sacrifícios pela salvação das almas, e sua maior penitência foi aceitar as diversas perseguições que o próprio Maligno derramou sobre ele; tanto assim que foi a Roma para pedir ao Papa permissão para sair da França, mas este não lhe concedeu tal pedido. Na força do Espírito e auxiliado pela Mãe de Deus, que nunca o abandonara, São Luís evangelizou e combateu na França os jansenistas, os quais estavam afastando os fiéis dos sacramentos e da misericórdia do Senhor.
São Luís, que morreu em 1716, foi quem escreveu o 'Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem', que influencia ainda hoje, muitos filhos de Maria. Influenciou inclusive o saudoso Papa João Paulo II, que por viver o que São Luís nos partilhou, adotou como lema o Totus Tuus, Mariae, isto é, 'Sou todo teu, ó Maria'".

O que é o Tratado?
"A nossa salvação ou condenação dependerá de fazermos ou não em nossa vida a vontade de DEUS. No Tratado se ensina justamente a se fazer esta entrega a NOSSA SENHORA – e por meio dela a JESUS – para com Ela aprendermos a fazer bem a vontade de Deus. São Luís, no Tratado, chama os Escravos por Amor de “calcanhar de Nossa Senhora”, afirmando que o calcanhar é a parte mais humilhada do corpo, por estar abaixo de todos os outros membros, mas que ao mesmo tempo é a parte que sustenta todo o peso do corpo e que é com este calcanhar que ela esmagará a cabeça da serpente, pois nos ensinará a rejeitar as obras do mal e a fazer sempre a vontade de Deus.
São Luís ensina ainda, que JESUS reinará no mundo, ou seja, nos corações e que este reinado de JESUS se dará por meio de MARIA, ou seja, JESUS confiou a Ela a missão de conduzir a Igreja a uma mais perfeita realização da vontade de DEUS neste mundo, e a maneira pela qual se estabelecerá o Reinado de Maria é pela difusão e prática da Verdadeira Devoção ensinada no Tratado escrito por São Luís de Montfort. (...)
É necessário lembrar também que a TOTAL CONSAGRAÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM é totalmente católica e cristocêntrica, uma vez que é para todos os batizados e tem por objetivo nos unir a JESUS e nos fazer crescer no Amor a Ele; ou seja, a SANTA ESCRAVIDÃO DE AMOR ou TOTAL CONSAGRAÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM não atrapalha nenhum carisma ou espiritualidade de qualquer movimento ou comunidade que seja, ao contrário, essa entrega total a Nossa Senhora ajuda cada pessoa a viver de modo mais intenso e profundo seu próprio carisma e sua própria espiritualidade, uma vez que Ela é a boníssima Mãe e a Virgem Fiel que nos leva em tudo a fazer a vontade de Deus, cumprindo com mais perfeição e amor nossos deveres de estado. E a semelhança da oração do Rosário – só que com muito maiores e profundas razões – a TOTAL CONSAGRAÇÃO não é apenas para alguns privilegiados, ou para alguma comunidade ou movimento, mas é proposta para todos os batizados para que vivam com mais facilidade, constância e coerência a sua condição de filhos de Deus".

Quem já fez?
A lista de santos que utilizaram o Tratado da Verdadeira Devoção certamente é incontável. Porém conhecemos nomes como São João Maria Vianney, São João Bosco, São Domingos Sávio, Santa Terezinha, Santa Gema Galgani, São Pio X, São Pio de Pietrelcina, além do Beato João Paulo II.

São muitas e diversas as histórias ao redor deste livro. A forte mensagem que deixa, no entanto, precisa ser meditada cada dia mais por todos os cristãos que, recorrendo ao seu amor, queiram encontrar um refúgio segura a caminho da salvação eterna. Não importa o quanto queiramos honrar à Maria Santíssima, jamais conseguiremos honrá-la tanto quanto o próprio Deus quis, quando a escolheu para ser mãe de Jesus Cristo, o unigênito do Pai.

Fontes:

terça-feira, 17 de abril de 2012

Quem é o Homem do Sudário?




Uma exposição que começou aqui no Rio de Janeiro no dia 23 de março tem reacendido entre a igreja carioca um antigo e intrigante debate sobre a Sagrada Tradição Eclesial: Afinal, a imagem que aparece no sudário é o corpo do Cristo Morto?
Segundo a Igreja, "O Sudário de Turim é tido como o pano que envolveu o Corpo de Jesus no sepulcro" (YOUCAT, p.69). Nessa afirmação não está contido, no entanto, um dogma de fé, mas um dado daquilo que é tradição entre os fiéis. Como nos explica o Beato João Paulo II , " (...) O fascínio misterioso do Sudário leva a questões a serem levantadas sobre o Linho sagrado e a vida histórica de Jesus. Como não é uma questão de fé, a Igreja não tem competência específica para se pronunciar sobre estas questões. (...) Para o crente, o que conta acima de tudo é que o Sudário é um espelho do Evangelho. Na verdade, se refletirmos sobre o Linho sagrado, não podemos escapar a idéia de que a imagem que ele apresenta tem uma relação tão profunda com o que os Evangelhos falam da paixão e morte de Jesus, que toda pessoa sensível se sente interiormente tocada e comovida ao contemplá-lo . Quem se aproxima é também consciente de que o Sudário não detém os corações das pessoas para si, mas os transforma para ele, a cujo serviço a Providência amorosa do Pai colocou. Portanto, é correto fomentar uma consciência da preciosidade desta imagem, que todos vêem e ninguém até agora pode explicar. Para cada pessoa atenta ele é motivo de profunda reflexão, que pode envolver até mesmo a própria vida. O Sudário é, portanto, um sinal deveras singular que aponta para Jesus, a verdadeira Palavra do Pai, e nos convida a moldar nossas vidas sobre a vida d'Aquele que se entregou por nós." *
Beijado por João Paulo II, visitado por Bento XVI, questionado pelos céticos, estudado incansavelmente pelos cientistas ao longo do século. O Sudário de Turim desafia a lógica humana em vários quesitos, e envolve os fiéis em um cotidiano de surpresas, dentre as quais o site da rádio catedral nos elenca as mais fortes:
"Estudiosos admitem existir grande coincidência entre as marcas impressas no tecido e o que os Evangelhos relatam sobre a Paixão de Cristo. A coincidência começa pelo fato de o lençol ter composição rudimentar da fibra que era produzida no antigo Egito e Síria. No tecido há diversas manchas de sangue humano do tipo AB, comum em judeus. A análise do sangue indicou uma substância cicatrizante do fígado, produzida quando o corpo é gravemente traumatizado. Através deste estudo, constataram-se também cromossomos do tipo X e Y, confirmando que seria uma pessoa do sexo masculino. Foram descobertos também certos pólens no Sudário. As espécies de plantas foram identificadas. Trata-se de plantas comuns do Vale do Jordão e Mar Morto, de lugares pedregosos ou salgados e regiões desérticas."
"A análise médico-forense mostra que o homem do Sudário possuía altura entre 1,75 e 1,80 m. Com idade estimada de 37 anos de raça semítica. No lençol há marcas que indicam que o Homem do Sudário foi açoitado e os ângulos das feridas permitem deduzir que havia dois flageladores. Já na marca da cabeça, há cerca de quarenta feridas causadas por objetos pontiagudos. É fácil observar que este quadro é compatível com a cabeça de quem recebeu uma coroa de espinhos. Há também marcas de feridas nas mãos e pés, como se tivesse sido crucificado."
"O grande mistério é que, apesar das marcas de sangue de feridas, o lençol não apresenta marcas de decomposição, ou seja, foi comprovado haver um cadáver, mas não há nada que demonstre que houve degeneração do corpo sob o lençol. As manchas de sangue mostram que o corpo ficou em contato com o lençol durante um período entre 30 e 40 horas. Mais um forte indício que se assemelha com o Evangelho."
 Porém, acredito que o principal desafio à razão e à fé é o teste de carbono 14 feito em 1988, que datou o pano do sudário como tendo sido confeccionado entre os séculos XIII e XIV. Recentemente, este resultado foi questionado por cientistas que levantaram o debate dos inúmeros remendos feitos no sudário durante os séculos para conserva-lhe um tamanho adequado a exposição. O pedaço de pano analisado pelos cientistas na década de 1980 pode ter sido, então, um remendo feito na Idade Média pelas freiras que guardavam a relíquia.
Independente da identidade do homem do sudário, o fato é que a existência desta relíquia nos joga de tal modo no mistério da dolorosa paixão de Cristo, que somos atraídos muito fortemente a meditarmos horas a fio sobre o amor do Senhor por nós. O Sudário tem esse poder. E quanto mais pensamos sobre ele, mais descobrimos o quanto Deus ainda quer nos comunicar, senão através de uma herança material, através de sua divina providência.

A exposição “Quem é o Homem do Sudário ficará no Shopping Via Parque até o dia 6 de maio de 2012. Diariamente está sendo celebrada missa às 19 hr no local.

*Discurso do Papa João Paulo II, quando da Visita Pastoral a Vercelli e a Turim. Tradução da autora.

Fontes:

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O Quarto Poder...

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate!

... ou, o Poder Moderador. Lembra, Dom Pedro I, Dom Pedro II, o Estado com poder pra fazer o que bem quisesse? Acima do bem e do mal????

Pois bem queridos, a novidade é que 178 anos depois a moda do poder moderador pegou outra vez, com uma faceta diferente, é claro, mas ainda assim, ele faz sentir os seu efeitos entre nós.

Se em 1824 o todo poderoso era Dom Pedro I, o soberano da vez atende pelo nome de STF. Deixe-me explicar do que se trata.

STF é Deus. STF é aquilo que existe de mais pleno no mundo. STF não está no mundo, STF é o mundo. STF é o motivo pelo qual respiramos, pelo qual existimos e pelo qual permanecemos de pé. STF só se enganou uma vez (fãs de Chaves já sabem em que ocasião...). A vida gira em torno do que STF pensa e manda em sua visão de águia. Não é o STF que lê errado, é o povo, ignorante, que não enxerga a verdade. Afinal de contas o STF é a verdade.

Nesse Estado, onde seguimos regidos por nosso todo-poderoso, nós reles mortais, ficamos a imaginar aonde foi parar aquela palavra já quase esquecida... como é mesmo... Ah! Democracia.

Não, STF não gosta de democracia. Democracia quer dizer que o povo escolhe, que a maioria manda e STF não pode admitir tamanha mentira. Democracia quer dizer que quando mais de 80% da população brasileira é contra a legalização do aborto no país, (pensando em pleno acordo com a Constituição vigente) o aborto não será legalizado no país. Muito menos por órgão a quem não compete tal ação. Mas, é claro, não é o caso do STF, porque tudo no mundo compete ao STF.  Aliás, democracia ainda quer dizer "poder do povo", até que o STF diga o contrário.

E cá pra nós, pra que legisladores? Chamem o STF que consegue escrever nas linhas já escritas da constituição. E pra que executivo? Tudo o que for necessário para a vontade do STF (que é a que importa) ele fará, não importa a quem doer (mesmo se for a crianças que ainda nem podem verbalizar suas vontades e necessidades).

Na dança do quem manda mais, o STF tem feito muita gente feliz nesse mundo. Afinal de contas, é pra isso que ele existe, para levar a felicidade aos escolhidos.

Aqui, façamos a devida ressalva para agradece, em nome de todos os cristãos e nasciturnos do país, ao ministro Ricardo Lewandowski, que em meio ao delírio de poder do supremo, manteve a sanidade e continuou fiel guarda da constituição. Agradecemos e desejamos forças. Ofereçamos, irmãos, jejuns e orações para que sua missão continue justa aos olhos do Todo.

Aproveito para fazer uma ressalva também aos pobres plebeus, que comendo a lavagem dos porcos como quem come um  banquete, se abriga nas asas do abutre e desfruta das migalhas de sua carniça. Saiba que quando vossa carne estiver madura para o abate, seremos todos nós ratos do mesmo esgoto.

É isso, amigos. Os tempos de absolutismo voltaram. Eis que o guardião da Magna Carta volta sua lança para ferí-la e para usar seu poder em benefício próprio. Nesse país que tem dono e que não sou eu nem são vocês, só nos resta, fãs de peixe que somos, seguir por aí, com nossas idéias meio tresloucadas de um alfabeto onde A + B + O + R + T + O ainda forma a palavra "homicídio".

Como diria um cristão amigo meu em um momento inspirado, "está aberta a temporada de caça aos peixes, porque é Era de Aquarius." Nós, então,  desprovidos de qualquer poder, humildes, pobres, inferiores, invisíveis e incontáveis, sob o jugo do supremo magnânimo seguimos impotentes. Nós e nossas companhias que, estranhamente, o todo-poderoso não consegue ver...

Afinal de contas, vai que o poder do STF não é assim tão infinito como ele imagina....

Quem como Deus?

YHVH

ICHTHYS

terça-feira, 3 de abril de 2012

A Paixão, a Penitência e a Redenção




Vê-se, todos os anos, muita confusão a respeito da possibilidade da administração das Confissões durante a Sexta-Feira e o Sábado Santos.
Alguns sacerdotes, inclusive especialistas em liturgia, afirmam erroneamente que as rubricas do Missal proíbem a celebração do sacramento da Penitência durante a Sexta-Feira e o Sábado Santos.
No entanto, esta afirmação é incorreta.
Eis o que o Missal realmente diz.
As edições de 1970 e de 1975 do Missale Romanum (Novus Ordo) (usando a linguagem tradicional usada pelo Papa Inocêncio III, † 1216) afirmam o seguinte a respeito da Sexta-Feira e do Sábado Santos: Hac et sequenti die, Ecclesia, ex antiquissima traditione, sacramenta penitus non celebrat (Hoje e amanhã, segundo antiquíssima tradição, a Igreja não celebra os sacramentos – pg. 254 da edição da Paulus).
No entanto, já que se trata de um Missal (ou seja, de um livro para a celebração da missa), sacramento refere-se apenas à Eucaristia, Santa Missa e não aos outros sacramentos. A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos esclareceu esta rubrica em sua revista oficial Notitiae [1977 – no. 137 (Dezembro) p. 602].
Na edição de 2002 do Missale Romanum (ainda não traduzida para o Brasil) no mesmo parágrafo a dúvida foi sanada. Assim foi modificado o texto citado acima (a ênfase é minha):
Hac et sequenti die, Ecclesia, ex antiquissima traditione, sacramenta, praeter Paenitentiae et Infirmorum Unctionis, penitus non celebrat… (Hoje e amanhã, segundo antiquíssima tradição, a Igreja não celebra de forma alguma os sacramentos, exceto os da Penitência e da Unção dos Enfermos).
Os Sacerdotes não somente podem, mas deveriam ouvir confissões na Sexta-Feira e no Sábado Santos, pois se trata de dias especialmente dedicados à penitência. Aliás, aproveitando a deixa, é bom lembrar que não somente é permitido, mas igualmente apropriado que haja um sacerdote ouvindo confissões enquanto outro celebra a Santa Missa. (Cf. Redemptionis Sacramentum 76 e a resposta da Congregação ao “Dubium” em Notitiae 37 (2001) pp. 259-260).
Ter um sacerdote no confessionário antes e mesmo durante a Missa dominical ou festiva é uma forma de dar a oportunidade de os fiéis que mais necessitam (os doentes espiritualmente) receberem este remédio espiritual que, de outra forma, não buscariam.

(Tradução e adaptação de Padre Paulo Ricardo. Fonte: http://wdtprs.com/blog/2011/04/confessions-during-the-triduum/)


Fiquemos, então, na paz do Senhor e que essa nossa Semana Santa nos purifique e prepare para uma nova vida!

BOA SEMANA SANTA A TODOS!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Reflexão Quaresmal parte-IV




Estamos chegamos ao final de mais um tempo quaresmal. Que nessa semana, intensifiquemos nossos atos de jejum, oração e esmola, para que, seguindo as palavras de Cristo, possamos contemplar também a sua face!

3. "«Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.
Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efetivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf.Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.
Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre atual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).
Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica."

Papa Bento XVI

OBS:

Queridos Jovens,

Encerrando esse tempo de reflexão quaresmal, convoco a todos para a celebração do Dia Mundial da Juventude - 2012. Aqui no Rio de Janeiro, o evento acontecerá no dia 31 de março, às 15 hr, na Praça Nossa Senhora da Paz - Ipanema. Como antecipação da JMJ, convido a todos a fazer deste dia, um dia de ação de graças ao Senhor!

Beijos e Fiquem com Deus!