Muitas
vezes encontramos cristãos que, devido a uma falsa compreensão do que seja um
sacramental, tendem a considerá-los superstições (diminuindo o seu valor) ou
equipará-los aos Sacramentos (exagerando o seu valor).
Com o
objetivo de esclarecer estas confusões hoje tão comuns, decidi escrever este
artigo.
Antes
de mais nada, comparemos os Sacramentos e os Sacramentais:
Os Sacramentos
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Os Sacramentais
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Foram
instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo
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São
estabelecidos pela Igreja que Cristo fundou
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São
os sete que Cristo instituiu: Batismo, Confirmação, Confissão, Sagrada
Eucaristia, Unção dos Enfermos, Ordens Sagradas e Matrimônio
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São
muitos e variados, de acordo com as instruções dadas pela Santa Mãe Igreja
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Produzem
Graça diretamente na alma, se não houver obstáculo por parte daquele que os
recebe
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Não
produzem Graça diretamente ou por eles mesmos, mas produzem Graça
indiretamente ao dispor e preparar a alma para este divino dom
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As
palavras usadas no ministério dos Sacramentos, com exceção das usadas na
Unção dos Enfermos, declaram firmemente que Deus está produzindo certos
efeitos na alma
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As
orações usadas nos Sacramentais apenas pedem a Deus que produza certos
efeitos e conceda certas graças
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Dão
ou aumentam a Graça Santificante ¹
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São
meios para a obtenção de graças atuais ²
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Podemos
dividir os Sacramentais em várias categorias: orações, objetos piedosos, sinais
sagrados e cerimônias religiosas.
Alguns
sacramentais são uma combinação, pertencendo a mais de uma categoria. O Rosário,
por exemplo, é uma oração e um objeto piedoso.
Não
podemos, contudo, esquecer que o mérito não reside no objeto. Seria superstição
acreditar que um mero objeto teria algum tipo de poder por si só.
Os
sacramentais, entretanto, são objetos separados pela Igreja para a nossa
santificação, usando da oração oficial da Igreja e dos méritos de Cristo,
presentes e distribuídos por Sua Igreja. Eles nos levam a pensamentos e
sentimentos mais espirituais, aumentam a nossa lembrança e confiança na
Misericórdia Divina.
Desde
o tempo do Antigo Testamento nós encontramos prenúncios dos Sacramentais: os
judeus receberam de Deus a ordem de usar franjas em suas roupas, para que se
lembrem dos Mandamentos3. Estas franjas lembram aos judeus a presença de Deus.
Do mesmo modo, mas ao mesmo tempo de maneira muito superior, os Sacramentais
atraem a nossa atenção para a Graça de Deus. Deus não arromba as portas dos
nossos corações; os Sacramentais nos ajudam a abri-las de par em par.
Eles
não são necessários para a nossa salvação; podemos perfeitamente ser salvos sem
que deles façamos uso. Mas sem dúvida eles podem nos ajudar, e muito!
A
batina de um padre faz com que se calem os blasfemos no lugar em que ele entra,
e igualmente faz com que ele esteja sempre consciente de sua função de
sacerdote e testemunha, tornando mais difícil que peque.
A
cruz ou o escapulário que o cristão leva ao peito também lembra a ele e ao
próximo a necessidade de nos abrirmos para Deus e o valor do sacrifício.
A
madeira ou metal da cruz, o pano do escapulário e da batina, nada disso tem
valor salvífico em si. Mas essas coisas, separadas pela Igreja e por ela
abençoadas e dotadas de uma missão, nos atraem para Deus, nos levam a abrir as
portas para a Graça, e podem ser indiretamente a causa de nossa salvação.
Quantas
vezes já aconteceu de um cristão encontrar forças para resistir ao pecado
simplesmente segurando a cruz que trazia ao peito?
A
madeira da cruz não valeu de nada; não seria a mesma coisa segurar um palito de
fósforo ou uma acha de lenha! O fato desta cruz ser um símbolo da fé e da
confiança em Deus, o fato desta cruz ter sido abençoada e separada pela Igreja,
tudo isso, no entanto, faz com que o cristão, ao segurá-la, lembre-se de Deus e
abra seu coração para a Graça, que dá a ele a força de lutar contra o pecado.
Do
mesmo modo o sinal da cruz que fazemos ao percebermos que estamos na presença
do mal é um pedido a Deus, um pedido de Graça, um apelo a que ele não nos deixe
cair na tentação que ora se apresenta.
Do
mesmo modo as imagens piedosas com que adornamos a nossa residência não têm,
por si só, a capacidade de nos salvar. Ao vermos, entretanto, a imagem de um
Santo, nos lembramos de nosso chamado à Santidade, e mais facilmente dizemos
"não" ao pecado.
Ao
vermos a imagem de São Francisco, nos lembramos de que há mais no mundo que a
riqueza e o dinheiro; ao vermos a imagem de São Cristóvão, pedimos a Deus que
nos proteja em nossos caminhos...
Não
esqueçamos, portanto, do valor e da eficácia daqueles objetos, sinais e orações
que graças aos méritos de Cristo, preservados e distribuídos por Sua Igreja,
nos levam a cada vez mais abrirmos nossos corações à Graça, conduzindo-nos
sempre ao reto caminho que leva à estreita porta da Salvação!
Amém.
Fonte:
¹A Graça Santificante,
ou habitual, nos ajuda a lutar contra o Pecado, dando-nos fortaleza para
resistir às tentações. Ela é infusa pelo Batismo, perdida quando se comete um
pecado mortal e recuperada pela Absolvição.
²A Graça atual é uma
Graça não-habitual, que recebemos como auxílio para o momento presente.
³Livro dos Números,
Capítulo 15,37-41: "O Senhor disse a Moisés: 'Fala aos israelitas e
dize-lhes que, por todas as gerações, façam franjas nas bordas das vestes e nas
franjas da borda atem um cordão de púrpura violácea. O cordão fará parte da
franja para que, vendo, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor e os
cumprais, e não corrais atrás dos desejos de vosso coração e dos vossos olhos,
que vos levam à infidelidade. Assim, lembrando-vos dos meus mandamentos e pondo
em prática, sereis consagrados para o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus,
que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus."
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