Uma exposição que começou aqui no Rio
de Janeiro no dia 23 de março tem reacendido entre a igreja carioca um antigo e
intrigante debate sobre a Sagrada Tradição Eclesial: Afinal, a imagem que
aparece no sudário é o corpo do Cristo Morto?
Segundo a Igreja, "O Sudário de
Turim é tido como o pano que envolveu o Corpo de Jesus no sepulcro"
(YOUCAT, p.69). Nessa afirmação não está contido, no entanto, um dogma de fé,
mas um dado daquilo que é tradição entre os fiéis. Como nos explica o Beato
João Paulo II , " (...) O fascínio misterioso do Sudário leva a
questões a serem levantadas sobre o Linho sagrado e a vida histórica de Jesus.
Como não é uma questão de fé, a Igreja não tem competência específica para se
pronunciar sobre estas questões. (...) Para o crente, o que conta acima de
tudo é que o Sudário é um espelho do Evangelho. Na verdade, se refletirmos
sobre o Linho sagrado, não podemos escapar a idéia de que a imagem que ele
apresenta tem uma relação tão profunda com o que os Evangelhos falam da paixão
e morte de Jesus, que toda pessoa sensível se sente interiormente tocada e
comovida ao contemplá-lo . Quem se aproxima é também consciente de que o
Sudário não detém os corações das pessoas para si, mas os transforma para ele,
a cujo serviço a Providência amorosa do Pai colocou. Portanto, é correto
fomentar uma consciência da preciosidade desta imagem, que todos vêem e ninguém
até agora pode explicar. Para cada pessoa atenta ele é motivo de profunda
reflexão, que pode envolver até mesmo a própria vida. O Sudário é, portanto, um
sinal deveras singular que aponta para Jesus, a verdadeira Palavra do Pai, e
nos convida a moldar nossas vidas sobre a vida d'Aquele que se entregou por
nós." *
Beijado por João Paulo II, visitado por
Bento XVI, questionado pelos céticos, estudado incansavelmente pelos cientistas
ao longo do século. O Sudário de Turim desafia a lógica humana em vários
quesitos, e envolve os fiéis em um cotidiano de surpresas, dentre as quais o
site da rádio catedral nos elenca as mais fortes:
"Estudiosos admitem existir grande coincidência entre as marcas
impressas no tecido e o que os Evangelhos relatam sobre a Paixão de Cristo. A
coincidência começa pelo fato de o lençol ter composição rudimentar da fibra
que era produzida no antigo Egito e Síria. No tecido há diversas manchas de
sangue humano do tipo AB, comum em judeus. A análise do sangue indicou uma
substância cicatrizante do fígado, produzida quando o corpo é gravemente
traumatizado. Através deste estudo, constataram-se também cromossomos do tipo X
e Y, confirmando que seria uma pessoa do sexo masculino. Foram descobertos
também certos pólens no Sudário. As espécies de plantas foram identificadas.
Trata-se de plantas comuns do Vale do Jordão e Mar Morto, de lugares pedregosos
ou salgados e regiões desérticas."
"A análise
médico-forense mostra que o homem do Sudário possuía altura entre 1,75 e 1,80
m. Com idade estimada de 37 anos de raça semítica. No lençol há marcas que
indicam que o Homem do Sudário foi açoitado e os ângulos das feridas permitem
deduzir que havia dois flageladores. Já na marca da cabeça, há cerca de
quarenta feridas causadas por objetos pontiagudos. É fácil observar que este quadro
é compatível com a cabeça de quem recebeu uma coroa de espinhos. Há também
marcas de feridas nas mãos e pés, como se tivesse sido crucificado."
"O grande
mistério é que, apesar das marcas de sangue de feridas, o lençol não apresenta
marcas de decomposição, ou seja, foi comprovado haver um cadáver, mas não há
nada que demonstre que houve degeneração do corpo sob o lençol. As manchas de
sangue mostram que o corpo ficou em contato com o lençol durante um período
entre 30 e 40 horas. Mais um forte indício que se assemelha com o
Evangelho."
Porém, acredito que o principal
desafio à razão e à fé é o teste de carbono 14 feito em 1988, que datou o pano
do sudário como tendo sido confeccionado entre os séculos XIII e XIV.
Recentemente, este resultado foi questionado por cientistas que levantaram o
debate dos inúmeros remendos feitos no sudário durante os séculos para
conserva-lhe um tamanho adequado a exposição. O pedaço de pano analisado pelos
cientistas na década de 1980 pode ter sido, então, um remendo feito na Idade Média
pelas freiras que guardavam a relíquia.
Independente da identidade do homem do
sudário, o fato é que a existência desta relíquia nos joga de tal modo no
mistério da dolorosa paixão de Cristo, que somos atraídos muito fortemente a
meditarmos horas a fio sobre o amor do Senhor por nós. O Sudário tem esse
poder. E quanto mais pensamos sobre ele, mais descobrimos o quanto Deus ainda
quer nos comunicar, senão através de uma herança material, através de sua
divina providência.
A exposição “Quem é o Homem do Sudário ficará no Shopping Via Parque até
o dia 6 de maio de 2012. Diariamente está sendo celebrada missa às 19 hr no
local.
*Discurso do Papa João Paulo II, quando da Visita Pastoral a Vercelli e
a Turim. Tradução da autora.
Fontes:
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