terça-feira, 17 de abril de 2012

Quem é o Homem do Sudário?




Uma exposição que começou aqui no Rio de Janeiro no dia 23 de março tem reacendido entre a igreja carioca um antigo e intrigante debate sobre a Sagrada Tradição Eclesial: Afinal, a imagem que aparece no sudário é o corpo do Cristo Morto?
Segundo a Igreja, "O Sudário de Turim é tido como o pano que envolveu o Corpo de Jesus no sepulcro" (YOUCAT, p.69). Nessa afirmação não está contido, no entanto, um dogma de fé, mas um dado daquilo que é tradição entre os fiéis. Como nos explica o Beato João Paulo II , " (...) O fascínio misterioso do Sudário leva a questões a serem levantadas sobre o Linho sagrado e a vida histórica de Jesus. Como não é uma questão de fé, a Igreja não tem competência específica para se pronunciar sobre estas questões. (...) Para o crente, o que conta acima de tudo é que o Sudário é um espelho do Evangelho. Na verdade, se refletirmos sobre o Linho sagrado, não podemos escapar a idéia de que a imagem que ele apresenta tem uma relação tão profunda com o que os Evangelhos falam da paixão e morte de Jesus, que toda pessoa sensível se sente interiormente tocada e comovida ao contemplá-lo . Quem se aproxima é também consciente de que o Sudário não detém os corações das pessoas para si, mas os transforma para ele, a cujo serviço a Providência amorosa do Pai colocou. Portanto, é correto fomentar uma consciência da preciosidade desta imagem, que todos vêem e ninguém até agora pode explicar. Para cada pessoa atenta ele é motivo de profunda reflexão, que pode envolver até mesmo a própria vida. O Sudário é, portanto, um sinal deveras singular que aponta para Jesus, a verdadeira Palavra do Pai, e nos convida a moldar nossas vidas sobre a vida d'Aquele que se entregou por nós." *
Beijado por João Paulo II, visitado por Bento XVI, questionado pelos céticos, estudado incansavelmente pelos cientistas ao longo do século. O Sudário de Turim desafia a lógica humana em vários quesitos, e envolve os fiéis em um cotidiano de surpresas, dentre as quais o site da rádio catedral nos elenca as mais fortes:
"Estudiosos admitem existir grande coincidência entre as marcas impressas no tecido e o que os Evangelhos relatam sobre a Paixão de Cristo. A coincidência começa pelo fato de o lençol ter composição rudimentar da fibra que era produzida no antigo Egito e Síria. No tecido há diversas manchas de sangue humano do tipo AB, comum em judeus. A análise do sangue indicou uma substância cicatrizante do fígado, produzida quando o corpo é gravemente traumatizado. Através deste estudo, constataram-se também cromossomos do tipo X e Y, confirmando que seria uma pessoa do sexo masculino. Foram descobertos também certos pólens no Sudário. As espécies de plantas foram identificadas. Trata-se de plantas comuns do Vale do Jordão e Mar Morto, de lugares pedregosos ou salgados e regiões desérticas."
"A análise médico-forense mostra que o homem do Sudário possuía altura entre 1,75 e 1,80 m. Com idade estimada de 37 anos de raça semítica. No lençol há marcas que indicam que o Homem do Sudário foi açoitado e os ângulos das feridas permitem deduzir que havia dois flageladores. Já na marca da cabeça, há cerca de quarenta feridas causadas por objetos pontiagudos. É fácil observar que este quadro é compatível com a cabeça de quem recebeu uma coroa de espinhos. Há também marcas de feridas nas mãos e pés, como se tivesse sido crucificado."
"O grande mistério é que, apesar das marcas de sangue de feridas, o lençol não apresenta marcas de decomposição, ou seja, foi comprovado haver um cadáver, mas não há nada que demonstre que houve degeneração do corpo sob o lençol. As manchas de sangue mostram que o corpo ficou em contato com o lençol durante um período entre 30 e 40 horas. Mais um forte indício que se assemelha com o Evangelho."
 Porém, acredito que o principal desafio à razão e à fé é o teste de carbono 14 feito em 1988, que datou o pano do sudário como tendo sido confeccionado entre os séculos XIII e XIV. Recentemente, este resultado foi questionado por cientistas que levantaram o debate dos inúmeros remendos feitos no sudário durante os séculos para conserva-lhe um tamanho adequado a exposição. O pedaço de pano analisado pelos cientistas na década de 1980 pode ter sido, então, um remendo feito na Idade Média pelas freiras que guardavam a relíquia.
Independente da identidade do homem do sudário, o fato é que a existência desta relíquia nos joga de tal modo no mistério da dolorosa paixão de Cristo, que somos atraídos muito fortemente a meditarmos horas a fio sobre o amor do Senhor por nós. O Sudário tem esse poder. E quanto mais pensamos sobre ele, mais descobrimos o quanto Deus ainda quer nos comunicar, senão através de uma herança material, através de sua divina providência.

A exposição “Quem é o Homem do Sudário ficará no Shopping Via Parque até o dia 6 de maio de 2012. Diariamente está sendo celebrada missa às 19 hr no local.

*Discurso do Papa João Paulo II, quando da Visita Pastoral a Vercelli e a Turim. Tradução da autora.

Fontes:

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