
Ao longo desses doze meses, cerca
de 400 mil pessoas participaram dos tradicionais encontros das quartas-feiras
para escutar os ensinamentos do Sucessor de Pedro, que contaram com diversos
temas.
Após terminar, na primeira parte
do ano, a narração sobre grandes figuras de santos e santas dos séculos 16 e
17, Bento XVI desenvolveu uma ampla reflexão sobre a relação entre o homem e a
oração. Depois, prosseguiu, nos últimos meses, com uma série de meditações
sobre alguns Salmos.
Primeiro os exemplos, depois as
ferramentas. Assim poderia se resumir, em uma visão geral, os temas tratados
pelo Papa durante as Catequeses de 2011. Primeiro os exemplos, isto é, os
santos; em seguida, as ferramentas, ou seja, a oração como atitude a se
cultivar e desenvolver e os Salmos como forma antiga e atemporal de reviver a
eterna relação entre o homem e Deus.
Na perspectiva das Audiências
Gerais, o ano de 2011 foi aberto com uma figura feminina, Catarina de Gênova,
encerrando-se o ciclo dedicado aos santos dos 1500 e 1600 com outra mulher,
Teresa de Lisieux. Entre essas, o Papa passou de personagem em personagem -
incluindo Teresa de Ávila, Francisco de Sales, Joana d'Arc e Afonso Maria de
Ligório - até concluir, em abril, com uma confidência:
"Para mim, não somente
alguns grandes santos que amo e que conheço bem são estes 'indicadores do
caminho', mas também aqueles santos simples, as pessoas boas que vejo na minha
vida, que não serão nunca canonizadas. São pessoas normais, por assim dizer,
sem heroísmo visível, mas, na bondade delas de todos os dias, vejo a verdade da
fé" (Catequese de 13 de abril de 2011).
Essas mesmas palavras dedicadas
pelo Papa a tantos gigantes da Igreja fazem sobressair melhor a simples e
interminável verdade do cristianismo, que faz da santidade uma meta para
qualquer um. Mas partindo de onde? Na mesma audiência conclusiva do ciclo, o
Santo Padre deixa uma "pista" sobre suas intenções para as catequeses
sucessivas:
"Essencial é nunca deixar um
domingo sem um encontro com o Cristo Ressuscitado na Eucaristia; isto não é um
peso acrescentado, mas é a luz para a toda a semana. Não começar e não terminar
nunca um dia sem um breve contato com Deus".
A oração, portanto. É aqui que o
Papa chega após a Páscoa. Durante dez meditações intensas, de maio a agosto, o
Pontífice adentra na paisagem espiritual da oração, naquele "corpo a corpo
simbólico não com um Deus adversário e inimigo, mas com um Senhor que
abençoa", como define em uma ocasião. Iluminismos, ateísmos de Estado,
secularismo desenfreado, apesar de seus esforços, não esmagaram o "mundo
do sagrado", porque a água de uma ideologia nunca saciará verdadeiramente
uma alma:
"O homem 'digital', bem como
aquele das cavernas, busca na experiência religiosa as vias para superar seus
limites e para assegurar a sua precária aventura terrena. [...] O homem carrega
consigo uma sede de infinito, uma nostalgia da eternidade, uma busca pela
beleza, um desejo pelo amor, uma necessidade de luz e de verdade, que o
impulsiona para o Absoluto; o homem carrega em si o desejo por Deus. E o homem
sabe que, de qualquer modo, pode voltar-se a Deus, sabe que pode rezar a
Ele" (Catequese de 11 de maio de 2011).
Dos Profetas a Cristo, Bento XVI
atravessa milênios da Bíblia até chegar, após o verão, à estrada dos Salmos, em
parte já tratados ao início do Pontificado, na esteira das audiências gerais de
João Paulo II. Tocante, entre outras, é a reflexão sobre o aparente "silêncio
de Deus", que, por vezes, experimenta quem reza em meio à dor e quase, por
um momento de solidão abissal, até mesmo Jesus na Cruz. Palavras inspiradas do
Salmo 22, que brotam de uma sabedoria antiga e descrevem as torturas sofridas
com lúcida precisão neste momento por muitos cristãos, vítimas de um ódio cego:
"Quando o homem torna-se
brutal e agride o irmão, algo de animalesco toma conta dele, parece perder toda
a aparência humana; a violência tem sempre em si algo de bestial e somente a
intervenção salvífica de Deus pode restituir o homem à sua humanidade"
(Catequese de 14 de setembro de 2011).
Mas eis que, para o cristão, é
exatamente a cena de violência do calvário que dá um sentido às violências sem
explicação que abundam em tantas notícias tristes. Bento XVI recorda-o ao final
de outubro, na véspera de sua viagem a Assis. Uma consolação que brota nos
corações e nas mentes daqueles que sabem falar de Deus e com Deus:
"A Cruz é o novo arco da
paz, sinal e instrumento de reconciliação, de perdão, de compreensão, sinal de
que o amor é mais forte do que toda a violência e opressão, mais forte do que a
morte: o mal se vence com o bem, com o amor" (Catequese de 26 de novembro
de 2011).
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